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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ratos, urubus e Parangolés..

         “ Será Arte tudo o que eu disser que é Arte”, com essa máxima Marcel Duchamp derruba séculos de dogmas  e cânones clássicos, e porque não dizer, burgueses, que
vigoraram até que as primeiras manifestações da Arte moderna no séc. XIX (Cézanne e outros) começassem a chacoalhar o intelecto da massa espectadora do Ocidente. Para os modernos, não basta apenas ver e assistir à obra, é preciso mergulhar literalmente nela, e não dá pra compreender o seu real sentido sem que haja uma total interação entre espectador e objeto artístico, aliás, há um só sentido numa obra de Arte? A velha questão entre forma e conteúdo na Arte já foi respondida? E quanto à materialidade da Arte?Afinal hoje em dia ela também é mercado. O que diriam Duchamp e seus colegas DADA sobre todas essas questões?!
        Difícil de imaginar tais respostas, mas relevante para o momento seria compreender que tanto o Parangolé de Oiticica quanto o Píer de Smithson buscam suscitar  a interatividade e a completude entre quem vê e aquilo que é visto.Só essa premissa já bastaria para colocá-los no mesmo barco e classificá-los como ready-made.Ambos, numa atitude corajosa, se despregam das paredes de um museu ou galeria, e vão, adivinha pra onde?! Para o mundo exterior, cheio de impressões, símbolos, interpretações, signos, que dançam a  todo momento ao nosso redor pobres espectadores loucos para serem resignificados, ou seja, vivemos cercados das “ Florestas de Signos” tão bem colocadas por Baudelaire.
         As duas obras são produto de colagens e montagens de infinitos pedacinhos de significado, e tentam nos mostrar que esses signos sempre estiveram ali, só que é preciso uma lente conceitual para enxergá-los de uma forma diversa de sua função natural. Seja através, por exemplo, de um pedaço de plástico como fez Oiticica, ou um monte de pedras como fez Smithson. As obras de Arte de caráter ready-made são exatamente isso: o prosaico elevado a um discurso estético extra-funcional, basta lembrar do “urinol” e da “roda de bicicleta” de Marcel Duchamp.
         Já tive o privilégio de estar “a bordo” de um Parangolé de Oiticica (MAM RIO exposição Tropicália, 2007), é incrível estar rodeado daquelas cores, texturas, mesmo que não queira você se torna um daqueles retalhos. O Rio e o Brasil estão ali: samba, Luxo, lixo e emoção. No momento dessa fruição, lembrei-me imediatamente que Joãozinho 30 produziu um monte de “Parangolés”  pro “ Ratos e Urubus: larguem minha fantasia”, enredo da Beija-Flor de 1989, imagino que aquelas pessoas  que desfilaram devem ter sentido algo parecido com o que senti, um universo inteiro de signos , bem ali, serpenteando à sua volta...


texto apresentado na Pós-Graduação em artes Visuais (senac NACIONAL)


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