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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Caricaturas, design e cultura pop



          Valores estéticos e conceituais alinhavam as duas imagens, por cronologia, ambas são ao mesmo tempo reflexo e produto de uma época de grandes mudanças sociais e culturais, a chamada era da contracultura, período histórico responsável por gerar novos olhares por parte do universo das artes e do design em relação ao mundo ao qual estavam inseridos, pois até meados da década de 1960 o universo do design gráfico ainda era coreografado pelo formalismo e a contenção. Havia, até esse momento, um temor estético, um eterno compromisso com a produção de imagens agradáveis, limpas e “corretas”, logo, é possível perceber que conceitos notoriamente subversivos tais como: ironia, caricatura, pastiche, cromatismo exacerbado, o kitsch e a própria descontrução eram considerados caminho certo para o tal do “mau-gosto”. Essa liberdade de expressão, essa vontade de reinventar o design foram conquistadas através de  caminhos tortuosos, e na maioria das vezes foram incompreendidas pelo grande público, embora vários fatores sócio-culturais as corroborassem: o baby-boom pós-segunda guerra, as manifestações estudantis de 1968, a revolução sexual, a corrida ao espaço, entre muitos outros.
         Após essa pequena contextualização, pretendemos agora analisar brevemente as obras em si, começando pelas sugestivas poltronas infláveis de Pesce, nelas, ao nosso entender, o primeiro conceito a ser “descontruído” é o do próprio significado de mobiliário, que até então representava algo inerte e estático, uma cadeira qualquer tem a mesma forma até o fim de seus  dias, e fica parada até que alguém ou alguma coisa a mova de lugar, ademais, hoje em dia é comum ir a uma grande loja de decoração e escolher cadeiras e mesas numa prateleira, mas até os anos 1960 não era bem assim, a partir dessa época o design começa a se democratizar de vez, entrando de forma decisiva na vida das pessoas.
        Quando alguém compra uma poltrona que infla automaticamente quando é liberada de sua embalagem ocorre aqui uma subversão conceitual, nesse exato momento mágico de consumo não há a menor diferença entre um  pacote de sopa instantânea e a referida poltrona, eu, consumidor participo do acabamento desse produto e dessa idéia, e assim como a sopa, ela, a poltrona, não irá durar uma vida, já nasceu efêmera em forma, mensagem e conteúdo. Esse diálogo com a modernidade pode gerar pistas para considerarmos as poltronas UP ícones do design da contracultura, sua proposta estética, seu material tecnológico, suas linhas aerodinâmicas, tudo isso concorre para afirmarmos com relativa segurança que essas peças já nasceram com seu DNA descontruído e alterado.
         Agora, um pouco sobre a mobília de Alessandro Mendini. Acreditamos que o processo desconstrução aqui é baseado numa ironia conceitual provocada, acima de tudo, por uma severa adulteração de caráter surreal na estrutura física das duas cadeiras, a primeira (de madeira e palhinha) é transformada num curioso porta-alfinetes (alô Duchamp!). Na segunda, elegantes faixas retilíneas de couro negro dão lugar a uma inusitada colagem orgânica de couro colorido, seria possível até dizer que essa montagem no segundo exemplo tem um perfume expressionista,não?! Outro aspecto digno de nota seria a própria geração, por Mendini, de aspectos caricaturais, uma espécie de máscara ou maquiagem, onde aquilo que há de mais tradicional no design dessas peças é subvertido (de forma alegórica e profunda), essas mudanças deixam perplexos e curiosos consumidores e admiradores dessas peças em sua versão original.
      Paródias, versões, e outras formas de reedição sempre irão fazer parte do mundo das Artes, nesse momento seria mais importante entender que o design nascido no seio da cultura pop foi responsável por desconstruir esquemas formais e conceituais que eram lei desde o século XIX, essa quebra de paradigmas, por si só, já forneceria provas para concluirmos que essa estética literalmente ajudou a desenhar a cara de tudo aquilo que consumimos hoje.




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